E não é que daqui 10 dias eu completo 10 meses de viagem?
Porra, dez meses inteiros apenas viajando pelo mundo, que incrível!
E é mesmo, disso eu tenho certeza a cada passo do caminho, que tem me feito cruzar países, paisagens, pessoas, e até comigo mesmo. E é diferente sabe, viajar é bom, sair de férias é bom, mas dar a volta ao mundo é outra coisa, é algo diferente de fazer turismo, mesmo visitando tantos lugares turísticos como eu tenho feito.
Muitos viajantes como eu optam por roteiros mais alternativos, explorando rotas e cidades longe da muvuca e da confusão. Por que eu não faço o mesmo? Porque não tinha ideia de como seria isso! Quando eu botei o pé na estrada, não tinha noção de como seriam as coisas, sobre como eu iria me sentir nem nada, afinal não há pontos de referência, não tinha como comparar com outras fases da minha vida. Mas no final eu acho que escolhi o certo para mim, pois eu tenho conhecido lugares que sempre me fascinaram, e só vendo pessoalmente para entender a força do Taj Mahal, da ópera de Sydney, da torre Eiffel, etc. Seria lindo passar uma semana colhendo arroz com os camponeses no Camboja, mas deixar de ver Angkor Wat? Nem pensar!
Estou chegando na reta final da minha viagem agora, faltam cerca de 3 meses e pouco para eu chegar de volta a Botucatu. Sim, Botucatu foi meu ponto de partida, e será meu ponto de chegada, o ponto final da minha viagem de volta ao mundo. Nesses meses vou explorar ainda muita, muita coisa, ainda tenho no roteiro Coréia, EUA e Brasil! Serão ainda muitas paisagens lindas, muitas pessoas incríveis e muitos momentos inesquecíveis.
Só que sem nenhuma lembrancinha para contar história.
Sério, nenhuma, zero, nada, nada mesmo!
Não pensei nisso muito quando comecei a viajar, mas senti que não queria nada de lugar nenhum, nem imã de geladeira, nem chaveiro, nem mesmo aquelas bandeirinhas bregas que o povo costura na mochila. Um dos fatores que me fizeram decidir isso é o fato de viajar com uma mochila pequena. Meu "mochilão" na verdade está mais para uma mochilinha, não cabem mais de 13kg nem a pau, e isso usando muita engenharia e sorte. Só minhas roupas, tênis, meias e cuecas já ocupam isso tudo, e isso mesmo deixando roupas em todo canto do mundo! Só aqui nesse hostel onde estou vou deixar um shorts e uma camiseta, pois cheguei a conclusão de que não preciso mais deles, que estão sobrando, e como eu carrego minha mochila nas costas o tempo todo, tudo que está ali tem que ser útil.
E qual a utilidade de uma lembrancinha?
Bom, a função principal é fazer a gente recordar de algo, de uma viagem bacana, de momentos felizes. E isso é ótimo, eu mesmo costumava ter coisas incríveis em casa, não pelo valor, mas pelo significado, e meu lar era mais alegre e feliz por isso. E aí está o ponto, para poder levar lembrancinhas, é preciso ter uma base para onde voltar, e eu não tenho uma base hoje, não tenho lugar algum para voltar, e digo isso sem lamúria ou sentimento ruim, apenas com a certeza de que minha casa é onde durmo hoje, e que depois que terminar minha viagem e voltar a ter um espaço meu, daí sim posso comprar lembrancinhas dos lugares onde eu for.
Mas não agora na volta ao mundo, dessa viagem eu quero levar comigo apenas as experiências, eu quero o sentimento que tenho vivenciado todos esses dias de estar fazendo o que eu escolhi para a minha vida. Quero levar a confiança de que sou o fruto das minhas escolhas. e esse empoderamento é impagável, essa liberdade é algo sem a qual não posso mais viver sem.
O desprendimento que tenho experimentado com essa vida espartana de poucas roupas e quase zero consumo, tem me conscientizado muito sobre o consumir, do excesso de coisas que possuímos, do ciclo de acúmulo de itens inúteis que todos vivemos atualmente. Outro dia fui numa loja enorme para comprar uma blusa, e andei, andei, andei, tinha dinheiro e queria ter uma blusa nova, mas simplesmente não consegui comprar, saí de mãos vazias e um alívio imenso no peito. No final, não preciso de uma blusa, tenho duas e mais uma jaqueta, e estou indo em direção ao verão, então por que eu precisaria de uma blusa nova apenas para parecer mais bonito e usar por poucas semanas? Não tem sentido, e se não tem necessidade, não compro, não importa se é legal, se vale a pena, se no Brasil custa 3 vezes mais, etc, se não é útil, a resposta tem que ser não.
Será que eu vou conseguir levar isso para minha vida pós viagem? Acredito que sim, num grau menor é claro, mas acho que essa consciência da necessidade mudou algo dentro de mim.
LM
Porra, dez meses inteiros apenas viajando pelo mundo, que incrível!
E é mesmo, disso eu tenho certeza a cada passo do caminho, que tem me feito cruzar países, paisagens, pessoas, e até comigo mesmo. E é diferente sabe, viajar é bom, sair de férias é bom, mas dar a volta ao mundo é outra coisa, é algo diferente de fazer turismo, mesmo visitando tantos lugares turísticos como eu tenho feito.
Muitos viajantes como eu optam por roteiros mais alternativos, explorando rotas e cidades longe da muvuca e da confusão. Por que eu não faço o mesmo? Porque não tinha ideia de como seria isso! Quando eu botei o pé na estrada, não tinha noção de como seriam as coisas, sobre como eu iria me sentir nem nada, afinal não há pontos de referência, não tinha como comparar com outras fases da minha vida. Mas no final eu acho que escolhi o certo para mim, pois eu tenho conhecido lugares que sempre me fascinaram, e só vendo pessoalmente para entender a força do Taj Mahal, da ópera de Sydney, da torre Eiffel, etc. Seria lindo passar uma semana colhendo arroz com os camponeses no Camboja, mas deixar de ver Angkor Wat? Nem pensar!
Estou chegando na reta final da minha viagem agora, faltam cerca de 3 meses e pouco para eu chegar de volta a Botucatu. Sim, Botucatu foi meu ponto de partida, e será meu ponto de chegada, o ponto final da minha viagem de volta ao mundo. Nesses meses vou explorar ainda muita, muita coisa, ainda tenho no roteiro Coréia, EUA e Brasil! Serão ainda muitas paisagens lindas, muitas pessoas incríveis e muitos momentos inesquecíveis.
Só que sem nenhuma lembrancinha para contar história.
Sério, nenhuma, zero, nada, nada mesmo!
Não pensei nisso muito quando comecei a viajar, mas senti que não queria nada de lugar nenhum, nem imã de geladeira, nem chaveiro, nem mesmo aquelas bandeirinhas bregas que o povo costura na mochila. Um dos fatores que me fizeram decidir isso é o fato de viajar com uma mochila pequena. Meu "mochilão" na verdade está mais para uma mochilinha, não cabem mais de 13kg nem a pau, e isso usando muita engenharia e sorte. Só minhas roupas, tênis, meias e cuecas já ocupam isso tudo, e isso mesmo deixando roupas em todo canto do mundo! Só aqui nesse hostel onde estou vou deixar um shorts e uma camiseta, pois cheguei a conclusão de que não preciso mais deles, que estão sobrando, e como eu carrego minha mochila nas costas o tempo todo, tudo que está ali tem que ser útil.
E qual a utilidade de uma lembrancinha?
Bom, a função principal é fazer a gente recordar de algo, de uma viagem bacana, de momentos felizes. E isso é ótimo, eu mesmo costumava ter coisas incríveis em casa, não pelo valor, mas pelo significado, e meu lar era mais alegre e feliz por isso. E aí está o ponto, para poder levar lembrancinhas, é preciso ter uma base para onde voltar, e eu não tenho uma base hoje, não tenho lugar algum para voltar, e digo isso sem lamúria ou sentimento ruim, apenas com a certeza de que minha casa é onde durmo hoje, e que depois que terminar minha viagem e voltar a ter um espaço meu, daí sim posso comprar lembrancinhas dos lugares onde eu for.
Mas não agora na volta ao mundo, dessa viagem eu quero levar comigo apenas as experiências, eu quero o sentimento que tenho vivenciado todos esses dias de estar fazendo o que eu escolhi para a minha vida. Quero levar a confiança de que sou o fruto das minhas escolhas. e esse empoderamento é impagável, essa liberdade é algo sem a qual não posso mais viver sem.
O desprendimento que tenho experimentado com essa vida espartana de poucas roupas e quase zero consumo, tem me conscientizado muito sobre o consumir, do excesso de coisas que possuímos, do ciclo de acúmulo de itens inúteis que todos vivemos atualmente. Outro dia fui numa loja enorme para comprar uma blusa, e andei, andei, andei, tinha dinheiro e queria ter uma blusa nova, mas simplesmente não consegui comprar, saí de mãos vazias e um alívio imenso no peito. No final, não preciso de uma blusa, tenho duas e mais uma jaqueta, e estou indo em direção ao verão, então por que eu precisaria de uma blusa nova apenas para parecer mais bonito e usar por poucas semanas? Não tem sentido, e se não tem necessidade, não compro, não importa se é legal, se vale a pena, se no Brasil custa 3 vezes mais, etc, se não é útil, a resposta tem que ser não.
Será que eu vou conseguir levar isso para minha vida pós viagem? Acredito que sim, num grau menor é claro, mas acho que essa consciência da necessidade mudou algo dentro de mim.
LM