sábado, 17 de dezembro de 2016

Quanto custou os 6 primeiros meses de viagem?

A grande pergunta de todos que sonham em viajar pelo mundo!

A resposta curta, R$30.000,00.

alegria e diversão por meio ano por menos que um uno!

Ter uma boa ideia dos gastos é muito importante, afinal, do que adianta apenas sonhar com vales verdejantes, aventuras pitorescas e experiências transcendentais se a gente não tem ideia se é possível ou não?

Quando eu comecei a pesquisar sobre isso, tinha na cabeça que era algo caro, tipo, muito caro mesmo, afinal eu estava acostumado apenas a planejar viagens de férias, e pelas minhas preferências de alimentação e hospedagem isso nunca saia barato. Junto com a Wanessa, minha melhor amiga, costumava gastar entre 10 e 15 mil reais para duas semanas de férias, isso incluindo todos os gastos, inclusive refeições em restaurantes estrelados em Paris e Nova Iorque, hotéis na beira da praia na Tailândia e outros mimos que eu e ela curtimos muito, e que merecemos porque trabalhamos pra isso!

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Só que férias e volta ao mundo são duas coisas bem diferentes. Veja bem, não dá para ser turista o tempo todo, é muito cansativo e caro! Além do mais, o fato de ter muito tempo livre faz com que você encare as coisas com mais calma, curtindo mais cada momento, e esse é um dos maiores prazeres desse tipo de viagem.

O seu estilo de vida vai determinar grande parte dos custos. Eu vivo com a política da lembrancinha zero, ou seja, não compro nada de recordação, não envio aquele cristal tcheco lindo pra casa da minha mãe, perco o preço incrível daquela imagem de Ganesha entalhado em Nova Delhi, passo longe de qualquer coisa que eu tenha que carregar ou despachar. No final, terei minha fotos (isso sim uma nova paixão que estou descobrindo), e minhas lembranças no coração.

apenas não.

Digo isso porque os preços que vou detalhar estão funcionando muito bem para mim, porém podem não ser os mais adequados para você (mas vai dar uma base de qualquer maneira, e é essa a minha ideia). 

Meus gastos básicos são: transporte, hospedagem, comida, atividades turísticas (museus, tours, etc) e ocasionalmente roupas. E só. 

Vamos começar com o transporte. Muitos blogs e sites falam sobre aquela famosa passagem de volta ao mundo, que as três principais alianças de companhias aéreas, oneworld, skyteam e staralliance, vendem de forma relativamente simples e online, com um custo aproximado de 5 mil dólares e o prazo de 1 ano para utilizar. Eu não quis comprar esse tíquete por que ele limitaria o meu trajeto, ou seja, eu poderia até mudar a data da passagens, porém não poderia mudar o roteiro, e eu vi na prática que as oportunidades vão surgindo ao longo da viagem, e que mudanças de roteiro são relativamente comuns. Outro fator foi o custo, simulei vários trechos que tinha em mente antes de partir e vi que, no final, iria gastar praticamente o mesmo valor, ou até menos! Até agora eu gastei, com aviões, trens e ônibus menos de R$6.500,00.

Trens, aviões, vacas, na volta ao mundo a gente vai do que der!

Agora a hospedagem. Eu fiquei em couchsurf, hostel, albergue de peregrinos (durante o caminho de Santiago), casa de amigos, airbnb e também numa tenda na Sicília, durante um trabalho voluntário. Mais uma vez é bom lembrar que o seu nível de conforto vai influenciar muito no custo. Se você acredita que só vai conseguir ficar em hotel, num quarto individual, pode projetar gastar cerca de 5 vezes ou mais o valor que eu gastei até agora, cerca de R$5.000,00.

se você não está preparado para encarar um quarto assim de vez em quando e ainda assim quer dar a volta ao mundo, sugiro ganhar na mega sena!

Sobre os passeios e atividades turísticas, tentei manter o bom senso, ao mesmo tempo em que me dava a oportunidade de realizar várias vontades, e não limitava os meus interesses pessoais. Na Itália fui em vários monumentos e museus, durante minha viagem com minha mãe fiz novamente todo o basicão de Paris, Bruxelas e Amsterdam (que são bem caros, por sinal), no leste europeu fui ver diversas óperas, orquestras e balé, na Turquia voei de balão e fiz lindos passeios pela Capadócia, e agora na Índia estou fazendo vários passeios interessantes, além de ter almoçado no melhor restaurante do país, o Indian Acent (R$500 pelo almoço com vinhos). Com todos esses programas legais e inesquecíveis, gastei até agora uns R$6.000,00.

tá achando que é gratís essa beleza toda?

Se fizermos as contas, chegamos a R$17.500,00. O resto, aproximadamente R$12.500,00 foi APENAS PARA COMER, ENCHER O BUCHO, FICAR MAIS CHEIO QUE O BUSSUNDA NO CHURRASCO! E eu comi bem, muito bem, praticamente todos os dias. Fiz muitas compras no mercado e cozinhei bastante, mas tenho me alimentado muito fora, em parte por que muitos dos lugares onde me hospedo não oferece cozinha, e em parte por que eu gosto de conhecer a culinária local, ou mesmo comer um yaki-koisa na rua, tomar muitos e muitos litros de café, comer os docinhos típicos (canoli siciliano, baklava turco, gulab-jamur indiano, um beijo!), enfim, é um gasto que para mim é questão de qualidade de vida. Muitos amigos se viram bem com miojo e mcdonalds por meses e meses, eu não.

Mc Coelho do Alain Ducasse

Então, fazendo um resumão dos gastos, fica assim:

Custo total dos 6 primeiros meses de viagem: R$30.000,00

Transporte R$6.50,00 - 22%
Hospedagem R$5.000,00 - 17%
Diversão R$6.000,00 - 20%
Alimentação R$12.500,00 - 41%

E aí, tem alguma dúvida? Quer saber sobre algum detalhe dos transportes, da hospedagem? Pergunta aí, que uma coisa que eu tenho aqui é tempo para responder!

LM

domingo, 4 de dezembro de 2016

O pós comunismo na Europa do leste.

E então um belo dia, a URSS acabou.



Quando estava no colegial, nossa professora de geografia (querida Marlene, beijo!) nos fazia ler uma espécie de jornal bimestral que sintetizava as principais notícias políticas e sociais internacionais, chamado Boletim Mundo. Era uma leitura muito importante num mundo onde a banda larga era de 1 mega, e que a cabeça de um adolescente de Botucatu não podia facilmente se expandir.




Em 2004, a União Européia recebeu 10 novos países membros, sendo 8 deles antigos estados socialistas. Nessa época, li muito sobre o processo de integração e também sobre a história desse países. A queda do muro de Berlim ganhava mais nuances à medida em que eu descobria o Solidariedade na Polônia, entendia como funcionava a cerca elétrica na Hungria, e como ela foi desligada do dia para a noite, enfim, a história ganhava vida quanto mais eu pesquisava e descobria.

O que realmente me fascinou desde essa época foi entender a queda do comunismo. Num mundo fragmentado, com difícil acesso à informação, e com governos que censuravam a mídia, como tantos países se livraram, praticamente ao mesmo tempo, do jugo da União Soviética? Para mim aquilo era incrível! Alias, ainda hoje é surpreendente!

Quero ver mandar mensagem para o grupo da família num desses!

Quando morei em Bruxelas, não tive a oportunidade de visitar nenhum desses países, mas fiquei com essa curiosidade latente, sabendo que um dia seria satisfeita. E que melhor momento para satisfazer minhas curiosidades do que meu ano sabático, cheio de tempo livre e um pouco de dinheiro no bolso? Por isso incluí no meu roteiro praticamente um mês de passeios por alguns países, Républica Tcheca, Hungria, Romênia e Bulgária, sendo que esse último surgiu só no final, quando me dei conta que 10 dias seria muito tempo em Bucareste. Cada um desses países me ofereceu experiências únicas, fascinantes, muito acima da minhas expectativas. E também cada um deles lidou de uma maneira muito particular com o fim da sua relação com o comunismo e os desafios futuros. 

Praga


Os tchecos lidam com o comunismo no esquema "não vi, não comi, só ouvi falar". Em Praga encontrei apenas uma escultura, muito forte por sinal, em que as vidas destruídas pelo tiranismo do comunismo são homenageadas.

 

Fora isso, nos monumentos históricos são ressaltados principalmente os períodos em que o país foi parte do império Austro-Húngaro e o breve período entre guerras em que o país foi uma república independente. Sem esculturas, sem museus, sem nada que lembre a ligação com a Rússia ou mesmo a famosa primavera de Praga em 1968.

Budapeste

Na Húngria, a história já é diferente. Eles ODEIAM o comunismo, tipo, muito mesmo. Em Budapeste a sede da antiga polícia secreta foi transformada no Museu do Terror, onde são exibidos lado a lado os crimes e barbaridades praticados pelos nazistas e pelos comunistas. É um lugar forte e que abala a gente, mais forte que o Museu Judeu de Berlim inclusive. Nesse edifício, é possível visitar inclusive os porões onde os presos eram interrogados e torturados.





Perturbador

Essa postura de crítica ferrenha é visível em quase todos os monumentos históricos da cidade, o que se encaixa dentro de uma visão que os húngaros tem de si como uma nação quase sempre ocupada e controlada por forças externas, Otomanos, Alemanha, URSS, mas que apesar disso resistiram e venceram. O principal feriado nacional celebra justamente uma revolta de 13 dias ocorrida nos anos 50 contra as diretrizes soviéticas para o governo do país. Essa revolta terminou numa ocupação militar russa que durou muitos e muitos anos, mas hoje é vista como uma prova de coragem da população.

Bucareste

À medida que meu trem ia para o leste, mais eu sentia que estava me aprofundando na influência do comunismo no modo de ser das pessoas, na prestação dos serviços, na maneira que as cidades funcionam. A Romênia me mostrou isso de forma muito clara.

Em primeiro lugar, o comunismo no país tem nome e sobrenome, Nicolae Ceaușescu. Esse cara foi o ditador do país durante décadas, e aprendeu bem com Stalin como promover o culto à sua pessoa como forma de dominação e preservação dos privilégios. O seu legado mais impressionante é o parlamento, o segundo mais edifício administrativo do mundo, que destoa totalmente do resto da cidade. Além disso, quando fui fazer a visita, o edifício estava fedido, muitas partes mal cuidadas, muitos improvisos, mas ainda assim muito, muito impressionante!



A Romênia é um país relativamente grande em comparação com o resto da Europa, com muitos recursos naturais, campos férteis, acesso ao mar, enfim, muitas possibilidades. No entanto, Bucareste foi uma das capitais menos bonitas que conheci nesse passeio, justamente porque o contraste é muito forte, poucos lugares bonitos, principalmente parques, e muitos lugares muito mal cuidados, prédios em mal estado, pintura caindo, e somado a isso uma certa apatia da população, um climão em grande escala que dava para sentir no ar. É como se eles tivessem meio que desistido de alguma coisa, e um bom exemplo é o transporte público, bondes e ônibus que fazem a frota de Botucatu parecer de qualidade! Uma população mais politizada, mas participativa, costuma ter um nível de exigência mais alto em relação aos serviços públicos. Parece que ali eles ainda não entenderam que não precisa (ou não deveria precisar) ter mais medo.




contrastes

Não vi nenhum monumento comunista, tampouco nenhum museu ou exposição que abordasse o tema, mas deu para sentir a energia desse período com em nenhuma das duas primeiras cidades.

Sofia

Para ser sincero, a Bulgária nunca esteve nos meus planos. Em relação às outras cidades em algum momento senti curiosidade ou um interesse especial, porém eu estava sentindo que 10 dias em cada lugar estavam sendo um pouco demais, pois eu ficava entre o meio termo de ser um turista e ser um local, uma espécie de limbo. E como não estava encontrando tantas coisas assim para fazer na Romênia, decidi que iria fechar meu ciclo comunista com a Bulgária.

 E foi a melhor coisa que eu fiz!

Sófia é pequena, bonita e super interessante. Se em tamanho ela fica perto de Piracicaba ou Bauru, em cultura ela se aproxima dos outros lugares visitados principalmente por não ser óbvia. Os visitantes são raros por lá, principalmente na época que eu fui, começo do inverno.

A Bulgária ainda tem traço fortes dos anos comunista, está presente em diversos edifícios públicos, na arquitetura, nas casas, maneira como as pessoas interagem. O país foi um dos que manteve laços mais fortes com a URSS, inclusive eles cogitaram a ideia de se tornar parte do bloco nos anos 70, e hoje, apesar de ser parte da União Europeia, a proximidade física e também cultural, o alfabeto utilizado é o mesmo que a Rússia utiliza, o cirílico, faz com que se encontre uma fusão interessante de dois mundos bem diferentes.

Um dos melhores exemplos é a estação de trens da cidade. É um edifício moderno e bem iluminado, construído com dinheiro europeu, com fachada e interior que lembram uma estação alemã, porém para chegar na estação é preciso atravessar ruas desertas e escuras, literalmente sem nenhum poste, vários cachorros de ruas latindo e uma passagem subterrânea que parece saída de um filme de suspense. 

Porém, mesmo com todos esses contrastes, me senti muito bem por lá, assisti ao balé mais bem executado que vi até hoje, O Lago dos Cisnes, e também a uma versão bem executada de Eugene Ogenin, e além disso foi uma delícia andar pelas ruas e conhecer pessoas legais de lá. Pretendo voltar no futuro.









quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Como obter o visto para a Índia!

Essa semana recebi em meu email a minha esperada autorização de entrada na Índia, para onde vou daqui a algumas semanas, e acredito que esse tema possa interessar outras pessoas que pensam em visitar esse país!



1º Como funciona?

A Índia trabalha com três possibilidades de autorização de entrada para estrangeiros: e-visa, visto na entrada, dado pelo oficial de fronteira no momento da chegada, e o visto tradicional, obtido enviando a documentação necessária para a embaixada ou consulado. O Brasil está hoje enquadrado na primeira modalidade, o e-visa.

2º E-Visa

Mas o que é esse e-visa? Basicamente é uma pré-autorização de entrada. Deve-se preencher um formulário no computador, pagar uma taxa e aguardar até receber uma resposta no email, autorizando sua viagem para o país, ou exigindo alguma documentação adicional.

O e-visa deve ser utilizado para quem quer passar até 30 dias da Índia, e dá direito a apenas uma entrada no país, ou seja, não dá para ir visitar o Nepal, por exemplo, e depois voltar a entrar na Índia. Caso você queira ficar mais tempo por lá, ou planeje a sua viagem com mais de uma entrada e saída, o jeito é tirar um visto tradicional, mais informações aqui.

Para se obter o e-visa eu recomendo começar providenciando duas das principais exigências feitas pelo sistema, para não ter que parar no meio do processo:

- Uma foto de rosto com fundo branco, que deve pesar entre 10kb e 1mb e ser no formato jpeg. Eu mesmo tirei a minha, fui numa dessas cabines de foto que ficam no metro e aproveitei o fundo branco e a luz grátis. Ficou bem lindo:

Se eles aprovaram a minha cara de prisão de ventre, com certeza irão aprovar a sua!

- A página de identificação e assinatura do passaporte, em formato pdf, tamanho mínimo de 10kb e máximo de 300kb. Esse foi meio chato fazer, porque se após tirar foto com o celular, é preciso converter em pdf, e mesmo assim o arquivo costuma ficar grande. Existem várias ferramentas online para diminuir o tamanho do pdf e manter a qualidade, eu usei o pdfcompress! e funcionou de boa, fazendo um arquivo de 3,17mg ficar com 209kb.

3º Preencher a solicitação!

Meu, mó trabalheira arrumar a foto e o passaporte, por isso mesmo eu recomendo deixar os dois arquivos bontinhos preparados, porque agora começa a parte mais longa e detalhada.

Primeira coisa, o navegador. Comecei usando o chrome, mas deu pau na hora de subir a foto e o passaporte, daí mudei para o mozila e funcionou tranquilo até o final, então melhor usar o mozila logo de início e evitar perder seus dados.

Cuidado na hora de encontrar o site correto, procura no google "evisa india" e veja o que aparece! Simplesmente NENHUM dos sites listados é o oficial do governo indiano, mas sim sites comerciais que vão vender o suposto serviço de auxílio no preenchimento do formulário, ou seja, vão ganhar em cima de você, e mesmo assim quem garante que os caras vão te ajudar mesmo? Enfim, é cilada Bino!



O site oficial para preencher sua solicitação é o: https://indianvisaonline.gov.in/visa/index.html

A primeira impressão é que estamos num daqueles sites antigos, meio colorido demais, meio uol em 1998. É esse mesmo, você está no lugar certo, e além disso ele está todo em inglês, e não te oferecerem nenhum outro idioma, portanto se não souber a língua de Shakespeare, dê seus pulos.


O preenchimento é relativamente intuitivo. O único perrengue pode ser na hora de eles pedirem um contato na Índia. Coloque o nome do seu hotel ou host do airbnb ou couchsurfer, meu caso é esse último, e dá tudo certo.

Depois disso vem a hora do faz me rir, da grana, da bufunfa! Eu paguei 49 dólares de taxa.

O resto é bem simples, eles te enviam um email com os detalhes da solicitação, e depois de 2 dias recebi um novo email com minha autorização de entrada.

IMPORTANTE! O E-VISA PERMITE QUE VOCÊ ENTRE NA ÍNDIA NOS 30 DIAS SEGUINTES À EMISSÃO. OU SEJA, NÃO DÁ PARA FAZER SEU PEDIDO COM ANTECEDÊNCIA SUPERIOR A 1 MÊS! SE LIGA PARA NÃO PERDER TEMPO E DINHEIRO!

Um último detalhe interessante. É obrigatório levar sua autorização impressa para mostrar para o oficial da imigração, no entanto, no email que te enviam, não anexam o tal documento, é preciso entrar no site do e-visa, preencher o número do seu pedido e passaporte e lá num cantinho, pequenininho e triste você vai encontrar um botão "print".

Ufa! Agora é só abrir o abraço, pregar seu terceiro olho e se jogar!






quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Erros e aprendizados 1

Quando se chega em uma nova cidade com a intenção de não fazer turismo, mas sim conhecer a fundo o lugar, é de se imaginar que o ideal é reservar vários dias para aproveitar o local, sentir a vibe, a energia da cidade, viver quase como um local, certo?

Quase.

Um dos meus erros nessa volta ao mundo eu tenho descoberto nesses últimos dias. Apesar de não ser uma viagem de turismo, é preciso correr muito atrás de coisas para fazer para não ficar com a sensação de que é tempo demais no mesmo lugar, de que no final já ficou meio chato estar ali. 

O curioso é que ao mesmo tempo, também aprendi que tem dias que eu não quero sair do quarto/hostel/couchsurfing, que quero apenas descansar, como se estivesse em casa. Na verdade, ter momentos assim fazem com que se tenha a impressão de casa, trazem um calor gostoso pra alma, e é bem importante aceitar e relaxar em dias assim.

Mas não todos os dias.

Hoje é meu último dia em Budapeste, e apesar de eu ter visto a parte turística, e ido além e conhecido 4 salas de concertos e ópera diferentes, andado, conversado e comido muito, ter feito amigos, vivido coisas lindas, estou com a sensação de que poderia ter curtido mais, me esforçado mais para ver uma outra cara da cidade. 

Certo, mas o que posso fazer melhor em meu próximo destino, Bucareste, na Romênia? Bom, usar mais o couchsurfing pode ser uma opção. Até hoje, apesar de 5 anos fazendo parte dessa rede social, só fui em 3 eventos organizados por eles, um em Salvador e dois em São Paulo. Provavelmente é porque eu tinha a minha própria vida nessas cidades, geralmente amigos o suficiente para dar e receber atenção, o que não é o caso agora. Dessa forma, acho que é hora de olhar com mais carinho para isso. 

Outras coisas para fazer e melhorar minhas futuras experiências seria puxar mais papo com desconhecidos em cafés, museus, etc. Tenho um puta bloqueio nessa área, mas é algo que pode ser melhor trabalhado também. 

Mesmo com esse leve gostinho amargo na boca, acho que aproveitei melhor Budapeste do que Praga, por exemplo. É aos poucos que vamos pegando o jeito do negócio!

LM

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Como fazer turismo lentamente!

Um dos maiores problemas de uma viagem de volta ao mundo é... tempo!

Só que é um problema ao contrário do qual estamos acostumados, pois a questão não é a falta, mas o excesso de tempo que temos numa viagem de longo prazo. Normalmente ao viajar, eu costumava sempre deixar os roteiros bem organizados e planejados, a Wanessa que o diga, como viajamos bastante juntos ela me conhece e sabe que eu adoro ter uma programação pronta ao chegar em algum lugar. Muitas pessoas são assim também, e mesmo as que não planejam muito, geralmente acordam cedo e vão logo para a rua para explorar um novo lugar.

Isso acontece porque geralmente o tempo é curto, 4 dias? Uma semana? Quinze dias? 2, 3 ou 4 cidades? Tudo precisa ser visto, sentido e aproveitado, afinal é férias, é hora de sair da realidade e aproveitar ao máximo! É comum no final das férias a gente voltar para casa tão cansado ou mais de quando saiu, precisando de férias das férias. Quando eu voltei da Tailândia, cheguei as 7 da manhã, após 24 horas de voo para chegar em São Paulo, tomei um banho, trabalhei na Caixa até o final do dia e depois fui para a São Camilo dar aula, voltando para casa as 11 da noite! Loucura, não é? Mas afinal, férias são para serem aproveitadas!

E aí entra a diferença, viagem de volta ao mundo não é férias, não é algo no qual você possa se esgotar e depois voltar para a rotina. A rotina é a própria viagem, o trabalho é justamente planejar o próximo passo, os próximos voos, o passeio de balão na Capadócia, os ingressos para a ópera em Sydney, o voluntariado em Hanoi (todos casos reais, aliás). Durante as primeiras semanas dessa etapa leste europeu foi que essa necessidade de estabelecer uma rotina, e não ficar correndo para conhecer tudo, ficou mais clara para mim. As etapas anteriores tinham uma dinâmica própria, a fazenda na Sicília tinha as horas de trabalho e descanso, o Caminho de Santiago tinha o propósito diário de chegar até a próxima cidade, e a rotina de comer, lavar roupa, cuidar dos pés. Depois as duas semanas com a minha mãe foram de turismo tradicional, passeios, museus, andar, andar, andar, descansar, descansar, descansar, nem dá tempo para pensar muito!

Aqui não, sou só eu e eu mesmo. Não tem nada de específico para fazer, e como eu separei 10 dias para conhecer Praga, e mais 11 dias para Budapeste, finalmente pude entrar em contato comigo mesmo e pensar melhor no que estou fazendo.

Ao longo dos dias entendi melhor o que fazer para não ficar com aquela sensação incômoda de que eu deveria estar aproveitando mais, ou descansando mais. Durante a manhã eu tomo um longo café da manhã, o que estou fazendo agora, por exemplo. Assim eu vejo meus emails, pesquiso sobre os próximos passos da minha viagem, agora estou planejando Bucareste e Sófia, procuro anfitriões no couch surfing ou pesquiso airbnb e hostel, vejo a programação de concertos, teatros ou ópera nas cidades, penso também nas etapas mais para frente, até agora tenho planejado até o final de janeiro, quando estarei na Austrália, e depois disso é que eu me troco e vou para a rua.

Geralmente eu separo uma, no máximo duas, atrações turísticas por dia. Hoje por exemplo meu objetivo é ir para um parque onde os húngaros colocaram várias das estatuas e monumentos da era socialista, uma espécie de memorial desse tempo.Depois disso, é hora de comer, tomar café, ler um livro e não pensar mais em turismo ou viagens, porque cansa ficar com isso 24 horas na cabeça. É preciso separar um tempo para a vida normal, descansar, ler, ver séries, etc. 

Como não sou a pessoa mais aberta a socializar, como já escrevi várias vezes, conto um pouco com a sorte para fazer amigos, ou mesmo uns casos, enquanto eu viajo. Aqui em Budapeste, por exemplo, conheci um norueguês de origem somali, e estamos nos vendo quase todos os dias, em Praga fiquei com um ucraniano e foi super legal. Foi sorte conhece-los, principalmente porque são pessoas que gostam de conversar, sair, beber. Uma coisa que já tenho mais firme aqui é que não vale mais a pena sair só para ficar e pronto, faço melhor uso da minha mão se for o caso.

Viajar a longo prazo é uma arte, e como tem gente fazendo isso! Conheci um dinamarquês que aluga o apartamento em Copenhague pelo airbnb e fica viajando pelo mundo com essa grana. Ele curte música clássica, ópera, etc, e fica passeando pelo mundo para ver essas coisas. Incrível, não é?

LM 

domingo, 30 de outubro de 2016

E as coisas vão melhorando!

O processo de entendimento sobre mim mesmo finalmente vem dando uns frutos mais saborosos esses dias.

Aquela máxima que diz que o primeiro passo para entender um problema é admiti-lo é realmente uma verdade. O "problema", que na verdade nada mais é do que uma característica minha, é que eu sou um ser social, preciso de plateia, preciso de outros atores no palco comigo, preciso me comunicar. Parece óbvio, parece que todos somos assim, mas não é tão simples, uma coisa é gostar de companhia, outra é NECESSITAR dela para estar bem.

O que acontece é que por muitos e muitos e muitos anos estive rodeado de pessoas, amigos, família e namorados. Sempre tive com quem falar, a quem recorrer, e nos raros momentos em que isso me faltava, me sentia extremamente desamparado, vazio, aflito mesmo. E era justamente essa sensação de levar um soco na boca do estômago que eu vinha passando todos esses dias.

Admitir a própria natureza é um processo que talvez não termine nessa vida para mim, somos todos complexos, e acredito que esse processo de auto conhecimento não precise terminar mesmo, é sempre interessante o quanto podemos descobrir e aprender mais e mais.

Uma vez admitido e melhor entendido o que estava ocorrendo comigo, a sensação de insatisfação começou a diminuir, dando espaço a coisas boas ocorrerem, como por exemplo pensar em começar algum curso online de forma mais séria. Ainda não sei qual, ainda não tenho ideia do que quero estudar, mas o primeiro passo foi dado. Em relação à comunicação, acredito que eu vá usar mais esse blog, escrever mais, começar a alimentar mais minha página do facebook também, apesar de eu estar decidido a continuar limitando meu acesso à minha página pessoal a apenas 2 vezes por semana, posso entrar e alimentar a Volta ao Mundo e sair.

Outra coisa, vou divulgar este blog para meus amigos e oferecer minha ajuda para organizar viagens, sem muita pretensão, mas é algo que eu quero fazer.

Tenho assistido muitos concertos aqui em Budapeste, e isso tem alimentado minha alma. Como eu gosto! Quero estudar mais sobre ópera, como eles cantam, porque um é melhor que o outro, quero saber mais desse mundo que me emociona e me faz chorar cada vez com mais frequência!

Decidi incluir Sofia no meu roteiro, e estou tentando encontrar um couch surfer lá, mas não está sendo fácil, os caras não tem capacidade nem para me responder que não! No final posso ir para o bom e velho hostel, e estou bem animado em ir para lá, já que eles preservam muito da cultura, arte e arquitetura comunista, é como uma viagem aos livros de história que eu tanto gosto! Me lembro da Marinês lá da industrial e de como eu gostaria de conversar com ela sobre esses lugares todos que estou visitando. Cada país aqui do leste tem sua própria história de conquista, independência, guerra, orgulho, libertação, heróis nacionais, e tudo isso em línguas diferentes! É uma aula a céu aberto, mas tem que abrir muito os olhos para enxergar!