Sim, ainda estou na crise do que fazer além de turismo durante a viagem.
É muito linda a ideia de fazer uma volta ao mundo sozinho, para se conhecer, entender seus desejos e angústias, enfrentar seus demônios e no final se tornar uma pessoa melhor. Mas como é que isso acontece na prática?
Bom, varia, depende muito da sua personalidade, da forma como você busca se socializar e como você encara a solidão. Se você fala alguma língua além do português, já ajuda, é mais fácil entender, dá para interagir e conhecer diversas pessoas.
Errado.
Não é assim que se passa mesmo. Na vida de um viajante de longo prazo, as datas, as pessoas e os lugares ficam um pouco confusos. É realmente um exercício de sair da casinha, pois é uma situação nova, afinal, você não é um turista tradicional, e tampouco é alguém que mora ali. Esses 10 dias aqui em Praga me mostraram que eu agora sou meio que um hibrido entre nada e coisa alguma, exaspera um pouco porque tudo é diferente, a maneira de planejar os passeios, o tempo que você passa em cada atração turística, as horas e horas de pesquisa para descobrir coisas além do basicão, lugares e atrações que normalmente você descobre com calma e aos poucos ao se mudar para um novo lugar, mas que eu só tenho uns dias para achar.
E tem a questão das pessoas também. Eu, por exemplo, não sou muito de conversar com estranhos sem uma apresentação formal, então eu recorro aos bons e velhos aplicativos de pegação. Só que o problema é que eu não quero sexo (o tempo todo), quero alguém legal para sair, conversar, conhecer. O app que está dando os melhores resultados por enquanto é o Tinder, já que os caras lá são mais abertos a encontros e conversas do que ir direto ao ponto. Só que também tem um problema nisso, afinal, quem vai para um encontro assim normalmente quer sair mais de uma vez, conhecer melhor, aquela coorte toda com um namoro no final da linha. E, repito, eu não vou estar aqui por mais de duas semanas, então como encarar.
Por que afinal, e as minhas emoções e sentimentos, como eu trabalhar com isso conhecendo um príncipe encantado a cada dois, três dias?
Apesar dessa lamuriação, acho que tudo é uma questão de tempo. Mesmo um viajante pode estabelecer certas rotinas e rituais que deem mais força à sensação de normalidade que, pelo menos para mim, é necessária.
Já estou pensando em Budapeste, e tentando entender o que posso fazer diferente. Por exemplo, tirar um dia para ficar em casa a cada 5 dias mais ou menos, um day off para lavar roupa e ficar de boa, sair no máximo para comer ou beber, e não pensar em nada de turismo. Vim para Praga pensando nisso e não consegui, mas acho que em Budapeste, com meu quartinho por uma semana, vou ter um espaço mais gostoso para poder organizar minhas ideias, e aproveitar ESSE ANO INTEIRO QUE EU ME DEI DE PRESENTE para ver mais filmes, ler mais livros e usar esse relaxamento para me conhecer de fato.
Também quero escrever mais, por exemplo sobre cafés que estou visitando. Tenho que me desligar da ideia de escrever pensando se vai ser útil, se alguém vai ler, se eu mesmo vou querer usar isso no futuro, eu quero escrever por que eu gosto de escrever, e isso basta! Nesse blog eu faço isso um pouco, sempre quando abro essa página aparece quantas visualizações houveram, cerca de 2 ou 3 por dia, e eu fico até mesmo surpreso, porque acho que não vai ter nenhuma! E ao contrário de me desmotivar, isso me anima a continuar escrevendo, pois é uma das melhores maneiras de botar pra fora tudo isso que eu fico remoendo na cabeça. É um alívio!
LM
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