Meu, esse caminho é muito lindo!
Tipo, cenário de filme quase o tempo todo, é como se o Frodo fosse sair a qualquer momento de trás da árvore. A paisagem é bem diferente das quais eu estou acostumado, tem floresta, mas sem tanta variedade de plantas, é úmido, mas não te deixa encharcado, e os tons de verde, nossa, são muitos, e tão harmoniosos!
Ajudou muito o fato de que hoje tivemos poucas subidas, bom tempo e não fez frio! Foram 26km caminhados, a mesma distância do dia anterior, só que fiz em menos tempo, algo como 6 horas, não sei exatamente, não sou desses que fica cronometrando muito, e o meu corpo reagiu bem, NENHUMA BOLHA DAY 2! Mas uma dor nos ombros que começa a incomodar constantemente, e por isso eu fico tentando ajustar a mochila a cada 5 minutos para ver se encontro a posição ideal, que ainda não encontrei. A dor, apesar de constante, ainda está no nível do controlável, e como eu já joguei quase metade do que eu trouxe pelo caminho, não vejo muito aonde poderia reduzir o peso. Terminei o dia com quase nenhuma dor na batata da perna, o que me deixou bem feliz, pois aos poucos sinto meu corpo se acostumando com o ritmo de festa.
Um companheiro improvável apareceu em meu caminho hoje! Na verdade foi ontem, na hora de dormir, que apareceu um garoto espanhol para ocupar a cama de baixo. Hoje de manhã, sem eu convidar nem nada, ele estava caminhando ao meu lado, e me acompanhou O CAMINHO TODO! Só que com um detalhe, sem falar. Imagina eu com alguém que me dá respostas monossilábicas e não me pergunta absolutamente nada, durante 6 horas. Foi um aprendizado e tanto, metade do tempo fiquei ouvindo música, escutei um disco ótimo da Bethânia (Maricotinha ao vivo), um do Alex Ubago (calle illusión, que é meio que cansativo), e um do Ney (inclassificáveis, ótimo!). Na outra metade do tempo, fiquei apenas andando ao lado do meu companheiro silencioso, que em nenhum momento fez menção de se afastar de mim, me esperou fazer xixi, andou no meu ritmo sem pestanejar. Claro que pensei que ele estivesse me paquerando, e fiquei lutando comigo mesmo para parar de tentar conquistar o garoto, uma das coisas que mais tenho trabalhado nessa viagem, não ter a necessidade de encantar nem conquistar ninguém. Minha principal conquista deve ser de mim mesmo!
Aqueles momentos profundos do caminho também começaram a aparecer. Comecei a lembrar dos meus ex, com muito, muito carinho. Como eu amei esses três homens, como eles foram especiais e fundamentais para mim, e como eu sou feliz por tê-los em minha história. De verdade, amar é uma coisa boa, se entregar é uma experiência intensa, e eu tive sorte de poder amar e ser amado de todo coração. São pessoas assim que devem ser valorizadas na nossa vida, espero aprender isso mais a fundo para quando houver uma nova oportunidade.
Acontece que ao lembrar dos meus namorados, comecei a regredir para todos os meninos que eu já gostei intensamente, até voltar para a segunda série, para o William, e para as pouquíssimas lembranças que eu tenho dele. Isso me fez olhar para mim mesmo, enxerguei o Lucas com 8 anos, a imagem de uma foto 3x4 de cabelo arrepiado que tenho até hoje, e comecei a falar com ele, como se estivéssemos andando de mãos dadas pelo caminho. Lembrei de várias coisas que me passavam pela cabeça nessa idade, e tentei acalmar aquela criança, contando como será seu futuro, as coisas incríveis que ele irá viver, os países todos que ele vai visitar, e como a relação com a mamãe vai continuar intensa. A certo momento, um dos meus maiores medos da infância apareceu, a solidão e a falta de amigos. Na hora que a criança me falou sobre isso, imediatamente comecei a contar para ele sobre a Verônica, a Taíza, a Wanessa e o Tiago, meus quatro melhores amigos, e sobre muitos outros amigos queridos e verdadeiros que tenho hoje, disse a ele que na verdade é tudo muito normal, você não irá socializar com todo mundo, vai ficar muitas vezes isolado por inúmeros motivos (inclusive os internos), mas como todo mundo, você irá encontrar parceiros na vida, pessoas que simplesmente estarão sempre presentes, mesmo quando longe. Isso abriu um sorriso no rosto a criança, e ela se foi, ao menos por enquanto.
É incrível como essas coisas são importantes, fundamentais.
As vezes ao andar me dá uma sensação estranha de familiaridade com as paisagens. Se houverem outras vidas, acho que os antigos eu já fizeram esse caminho também.
Houveram sons de cachorro hoje, mas como eu estava acompanhado e muitos outros peregrinos à frente e atrás, além do Mirtô protetor, fiquei de boa. Um cachorrinho preto apareceu, com uma coleira feita de corrente, acho que ele era tipo um cocker, ele apenas passou e saiu correndo, desaparecendo. Lembrei do livro do Paulo Coelho, onde ele fala sobre um cachorro preto. Acho que vou reler o livro para me lembrar da história, mas também sei que se eu ler vai perder toda a magia, vamos acompanhar.
Hoje não foi um dia de muitos gastos (eba!), vamos às contas:
Dia 1: 37,00
Dia 2: 27,30
Dia 3: 25,00
Do passo afora
eu me encaminho adentro
O mundo externo e eu somos um só
Uma festa de passos e existência
LM
Tipo, cenário de filme quase o tempo todo, é como se o Frodo fosse sair a qualquer momento de trás da árvore. A paisagem é bem diferente das quais eu estou acostumado, tem floresta, mas sem tanta variedade de plantas, é úmido, mas não te deixa encharcado, e os tons de verde, nossa, são muitos, e tão harmoniosos!
Ajudou muito o fato de que hoje tivemos poucas subidas, bom tempo e não fez frio! Foram 26km caminhados, a mesma distância do dia anterior, só que fiz em menos tempo, algo como 6 horas, não sei exatamente, não sou desses que fica cronometrando muito, e o meu corpo reagiu bem, NENHUMA BOLHA DAY 2! Mas uma dor nos ombros que começa a incomodar constantemente, e por isso eu fico tentando ajustar a mochila a cada 5 minutos para ver se encontro a posição ideal, que ainda não encontrei. A dor, apesar de constante, ainda está no nível do controlável, e como eu já joguei quase metade do que eu trouxe pelo caminho, não vejo muito aonde poderia reduzir o peso. Terminei o dia com quase nenhuma dor na batata da perna, o que me deixou bem feliz, pois aos poucos sinto meu corpo se acostumando com o ritmo de festa.
Um companheiro improvável apareceu em meu caminho hoje! Na verdade foi ontem, na hora de dormir, que apareceu um garoto espanhol para ocupar a cama de baixo. Hoje de manhã, sem eu convidar nem nada, ele estava caminhando ao meu lado, e me acompanhou O CAMINHO TODO! Só que com um detalhe, sem falar. Imagina eu com alguém que me dá respostas monossilábicas e não me pergunta absolutamente nada, durante 6 horas. Foi um aprendizado e tanto, metade do tempo fiquei ouvindo música, escutei um disco ótimo da Bethânia (Maricotinha ao vivo), um do Alex Ubago (calle illusión, que é meio que cansativo), e um do Ney (inclassificáveis, ótimo!). Na outra metade do tempo, fiquei apenas andando ao lado do meu companheiro silencioso, que em nenhum momento fez menção de se afastar de mim, me esperou fazer xixi, andou no meu ritmo sem pestanejar. Claro que pensei que ele estivesse me paquerando, e fiquei lutando comigo mesmo para parar de tentar conquistar o garoto, uma das coisas que mais tenho trabalhado nessa viagem, não ter a necessidade de encantar nem conquistar ninguém. Minha principal conquista deve ser de mim mesmo!
Aqueles momentos profundos do caminho também começaram a aparecer. Comecei a lembrar dos meus ex, com muito, muito carinho. Como eu amei esses três homens, como eles foram especiais e fundamentais para mim, e como eu sou feliz por tê-los em minha história. De verdade, amar é uma coisa boa, se entregar é uma experiência intensa, e eu tive sorte de poder amar e ser amado de todo coração. São pessoas assim que devem ser valorizadas na nossa vida, espero aprender isso mais a fundo para quando houver uma nova oportunidade.
Acontece que ao lembrar dos meus namorados, comecei a regredir para todos os meninos que eu já gostei intensamente, até voltar para a segunda série, para o William, e para as pouquíssimas lembranças que eu tenho dele. Isso me fez olhar para mim mesmo, enxerguei o Lucas com 8 anos, a imagem de uma foto 3x4 de cabelo arrepiado que tenho até hoje, e comecei a falar com ele, como se estivéssemos andando de mãos dadas pelo caminho. Lembrei de várias coisas que me passavam pela cabeça nessa idade, e tentei acalmar aquela criança, contando como será seu futuro, as coisas incríveis que ele irá viver, os países todos que ele vai visitar, e como a relação com a mamãe vai continuar intensa. A certo momento, um dos meus maiores medos da infância apareceu, a solidão e a falta de amigos. Na hora que a criança me falou sobre isso, imediatamente comecei a contar para ele sobre a Verônica, a Taíza, a Wanessa e o Tiago, meus quatro melhores amigos, e sobre muitos outros amigos queridos e verdadeiros que tenho hoje, disse a ele que na verdade é tudo muito normal, você não irá socializar com todo mundo, vai ficar muitas vezes isolado por inúmeros motivos (inclusive os internos), mas como todo mundo, você irá encontrar parceiros na vida, pessoas que simplesmente estarão sempre presentes, mesmo quando longe. Isso abriu um sorriso no rosto a criança, e ela se foi, ao menos por enquanto.
É incrível como essas coisas são importantes, fundamentais.
As vezes ao andar me dá uma sensação estranha de familiaridade com as paisagens. Se houverem outras vidas, acho que os antigos eu já fizeram esse caminho também.
Houveram sons de cachorro hoje, mas como eu estava acompanhado e muitos outros peregrinos à frente e atrás, além do Mirtô protetor, fiquei de boa. Um cachorrinho preto apareceu, com uma coleira feita de corrente, acho que ele era tipo um cocker, ele apenas passou e saiu correndo, desaparecendo. Lembrei do livro do Paulo Coelho, onde ele fala sobre um cachorro preto. Acho que vou reler o livro para me lembrar da história, mas também sei que se eu ler vai perder toda a magia, vamos acompanhar.
Hoje não foi um dia de muitos gastos (eba!), vamos às contas:
Dia 1: 37,00
Dia 2: 27,30
Dia 3: 25,00
Do passo afora
eu me encaminho adentro
O mundo externo e eu somos um só
Uma festa de passos e existência
LM
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