As coisas na vida acontecem.
Simples assim. Você faz a sua parte, acorda, trabalha, larga tudo, viaja, trabalha de novo. As coisas na vida não são lógicas, apenas acontecem.
Você decide que as coisas com base em quais critérios? Normalmente é uma média entre a razão e o desejo, entre o plausível e o que você sonha. Os sonhos são difíceis de realizar por vários motivos, inclusive porque são egoístas. Nossos sonhos contemplam apenas nosso ponto de vista, nosso desejo, nos coloca como o centro do mundo e das vontades. Mesmo quando incluem outros, eles agem e escolhem as coisas de acordo com as nossas vontades.
Por isso é tão difícil realizar nossos sonhos egoístas. Porque temos essa dificuldade em aceitar que nossa vida é centrada em nós mesmo. É feio admitir isso, é considerado errado por quase todas as sociedade e convenções sociais viver exclusivamente de acordo com a sua vontade.
E isso é para todos. Até mesmo a minha decisão, apesar de parecer egoístas, deixar namorado e viver longe da família, leva em consideração diversos critérios que consideram sim as opiniões das pessoas. Para ser franco, é difícil até mesmo entender quais seriam os meus sonhos se levasse em consideração apenas a mim mesmo.
Naquela história "Into the Wild", que agora estou lendo o livro, o rapaz que decide viver exclusivamente de acordo com sues critérios, sem fazer as considerações sociais nem concessões de seus princípios, é considerado um lunático, um estranho, inclusive por mim. Não estou conseguindo prosseguir com a história porque não consigo concordar com seu extremismo. Para mim, não há razão para ser tão passional, para deixar as pessoas tão impressionadas com a sua atitude.
Mas e se ele estiver certo?
Se tirarmos cem porcento a capa social, a família, amigos, opinião das pessoas, o que somos? O que faríamos da nossa vida? Quem seríamos nós? Se não tivéssemos que agradar ninguém com postagens de fotos, com sorrisos, com satisfação das nossas ações, o que restaria?
Não tenho a menor ideia.
Estou tão envolvido com o social, com meus amigos, com as pessoas que me rodeiam, que não sou capaz de ser um Lucas sem verniz. Tampouco sei se gostaria de experimentar esse Lucas, quem é esse cara? Será que eu seria esse anti social igual o Alex Supertramp? Será que seria eu mesmo? Será que eu viraria padre ou mesmo mudaria de sexo?
O autoconhecimento vai muito além de um livo ou vídeo de autoajuda. Conhecer a si mesmo pode ser um processo intenso e doloroso, e obviamente também pode ser libertador, tudo ao mesmo tempo. Não levar em conta o que os outros pensam pode afastar quase todos, mas também deixar claro quem são os que valem a pena.
Aqui no Caminho, toda vez que um outro peregrino começa a conversar com você, você tem a oportunidade de ser o que quiser, grosso e mal humorado, palhaço e gente boa, sincero ou mentiroso, de direita ou de esquerda. Você é uma página em branco, aquela pessoa não vai fazer a menor diferença na sua vida, não há como utilizá-lo. Geralmente sou o mesmo com quem meus próximos estão acostumados, faço piadas, sou curioso, procuro manter a pessoa animada, o de sempre. Porém hoje comecei a me questionar esse assunto, o quanto vale a pena tentar interagir com alguém, será que não seria mais interessante usar essa oportunidade para ir mais além?
Não sei.
LM
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