domingo, 4 de setembro de 2016

Dia 15 e 16 - Caminho de Santiago - Carrión de los Condes e San Nicolas del Real Camino

Os espanhóis são realmente muito legais!

Há três dias que estou num grupo de peregrinos espanhóis, e a sensação é de estar em família. Eles falam alto, fazem graça com tudo, expressam seus sentimentos de forma mais aberta... é realmente uma sensação familiar.

É bom perceber que pode-se encaixar em um grupo, ser aceito e se divertir. É uma sensação que após a Aitiara experimentei muitas vezes, até deixar de ser um trauma muito grande. A grande questão é conseguir ver como as pessoas são diferentes, como cada grupo social funciona de uma forma, e o quanto você pode se dar em cada situação.

Isso faz parte do interagir, de viver como ser social. Não sei se é algo natural para o ser humano viver ou pertencer a bandos, mas é assim que vivemos. A sensação de aceitação nos dá segurança, confiança e auto estima, mas em troca nos priva um pouco da liberdade, afinal cada grupo tem suas regras e seus códigos. Não se pode romper com isso sem sofrer as consequências, ou sair ou ser expulso normalmente.

O caminho está longo esses dias, com caminhadas de quase 30km ou mais todos os dias. Meus pés estão muito doloridos, principalmente os calcanhares. Não é algo forte demais, mas também não é uma coisa tão fácil de lidar, afinal são 6 horas aproximadamente para conseguir cumprir o objetivo diário.

Um dos que estão mais próximos de mim é o Hector, de Valência. Temos a mesma idade, uma diferença de 3 dias entre nossos aniversários, e muitos gostos em comum, música clássica, história política, livros (ele é fã de Ken Follet e de Pilares da Terra), e ao seu lado os quilômetros do caminho passam rápido. Ele tem um ritmo de caminhada um pouquinho mais forte do que o meu, portanto esse apressamento também deve estar contribuindo para essa dor mais forte nos pés.

Ele é hétero e gente fina, e estou aprendendo a lidar com essa situação diferente de uma forma saudável e sem torturas internas. Essa viagem está sendo um aprendizado de décadas nesse tema, e tenho certeza de que será muito útil para mim ao longo de todo o período sabático.

Há também o Paco, que é um menino de 21 anos, sim, eu ainda tenho menos de 30 mas chamo quem tem 20 de menino, que me lembra muito de como eu era nessa idade, pois é muito independente, divertido e extrovertido, do tipo que faz mil brincadeiras o tempo todo, sorriso fácil e que gosta de ver os outros bem. 

Estou hoje num albergue muito agradável. Como cada dia é um lugar diferente, os confortos como água quente, cama e wi-fi se tornam coisas menores. Aqui é tipo um albergue e restaurante, com pessoas gentis e pelo que falaram a comida é feita aqui, daqui meia hora vou comer e descobrir. Chegamos o Hector e eu e estava terminando um almoço de casamento, e a família nos mandou servir um par de pintxos, tortilla e camarões, foi muito simpático e depois a camareira nos disse para nos sentir em casa, como não ficar bem depois disso?

LM








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